15 de março de 2012

Entrevista: IDOSOS x MEDICAMENTOS

ABUSO DE MEDICAMENTOS
Parece estar pré-estabelecido que pessoas com mais idade precisem tomar remédios. Algumas tomam uma quantidade absurda de comprimidos todos os dias: três ou quatro no café da manhã, outros tantos no almoço e no jantar e, à noite, medicamentos para dormir.
O problema é que esses remédios podem interferir uns com os outros de acordo com o organismo de cada pessoa e nenhum médico é capaz de prever como o paciente reagirá no momento em que prescreve a medicação.
Remédios só devem ser tomados com cuidado, depois de diagnóstico e avaliação médica. Remédio demais faz mal à saúde.

INTERAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Drauzio – Pessoas de idade costumam tomar muitos remédios. São remédios para diabetes, pressão alta, para a memória e mais a vitamina que a filha trouxe da farmácia. Você acha que todos os remédios usados pelos idosos são realmente necessários?
Fabiano Rocha – Normalmente, não. Por causa da fragmentação da medicina em diversas especialidades, a tendência é cada especialista avaliar sua área e indicar um medicamento específico. No conjunto, porém, a interação dos medicamentos prescritos pelos diversos especialistas que a pessoa se vê obrigada a consultar pode não dar certo.
Em geral, a partir do quarto medicamento, ocorrem efeitos colaterais, alguns realmente muito sérios, a ponto de provocar dificuldade de raciocínio, perturbações do equilíbrio, uma causa de quedas frequentes, e outras alterações erroneamente relacionadas ao processo de envelhecimento.

Drauzio – É bom lembrar que, na medicina, conhecemos mal a interação de dois ou três medicamentos e que, daí em diante, não sabemos praticamente nada.
Fabiano Rocha – Esse é um assunto bastante complexo. Há estudos que tentam averiguar as possíveis combinações de medicamentos e os efeitos colaterais que podem provocar. Atualmente, estão definidos os efeitos da associação de até três medicamentos. Mais do que isso é realmente um campo desconhecido, embora saibamos que os efeitos colaterais pela interação de medicamentos ocorrem de maneira exponencial, ou seja, num crescendo, e que a partir do nono medicamento todos os pacientes apresentarão efeitos colaterais adversos.

Drauzio – Você falou no nono medicamento, o que parece um número absurdo. É comum encontrar pessoas que tomam nove remédios diferentes?
Fabiano Rocha – Na prática clínica, isso ocorre frequentemente. Primeiro, por causa da fragmentação da medicina em especialidades. Depois, porque a incidência das doenças (algumas poderiam ser tratadas sem medicação) tende a aumentar com o envelhecimento. Por isso, quanto mais simples e racional for a indicação terapêutica, melhor. Evitar a prescrição de medicamentos acaba sendo, muitas vezes, a conduta mais adequada para tratar um paciente.

REMÉDIOS PARA DORMIR

Drauzio – Quais são os medicamentos que os idosos tomam com mais frequência?

Fabiano Rocha – São os psicotrópicos. Nós observamos que quanto mais idoso, mais medicamentos desse tipo são utilizados. Alguns pacientes os tomam para ficar um pouco mais calmos sem que o médico tenha definido exatamente o porquê da agitação que os perturba. Outros, porque têm dificuldade para dormir.
Embora possam ocorrer alterações de sono ao longo do processo de envelhecimento, do ponto de vista fisiológico, esses medicamentos não deveriam ser indicados antes de investigação precisa da causa desse distúrbio, porque ele pode estar relacionado a certas doenças que merecem diagnóstico e tratamento específico.

Drauzio – Uma das alterações mais frequentes que surgem com a idade são mesmo as de sono. Há pessoas que levantam à noite, ficam agitadas, vão para a cozinha, acendem o fogo e não o apagam antes de voltar para o quarto. A família assustada pede ao médico que prescreva alguma coisa para o idoso dormir. Aí, o médico receita o primeiro remédio, que não funciona direito. Receita o segundo, às vezes faz associações de medicamentos e vai ficando difícil diferenciar o que é propriamente alteração do sono do que é efeito da medicação.

Fabiano Rocha – Numa situação como essa, a primeira medida é suspender toda a medicação para entender o que pode estar acontecendo com o paciente. Enquanto ele estiver sob efeito dos medicamentos, a análise será distorcida. Entretanto nunca se deve, a priori, considerar essas manifestações adversas como normais dentro do processo de envelhecimento. Eventualmente, podem estar associadas a alterações comportamentais provocadas por uma infecção ou a outras doenças ainda não diagnosticadas, como podem ser decorrentes de uma patologia neurocerebral, por exemplo, a doença de Alzheimer.

Drauzio – É normal a pessoa de idade apresentar alterações de sono?
Fabiano Rocha – Podemos dizer que, durante o processo de envelhecimento, as pessoas vão ficando com o sono mais leve. No entanto, o número de horas que dormem é muito parecido com o que dormiam quando jovens.
Há alguns aspectos da dinâmica do sono dos idosos que a família precisa entender melhor até para conseguir ajudar. É frequente encontrar pacientes que dormem cedo por pura questão de hábito. Consequentemente, acordam muito cedo, lá pelas 4 ou 5 horas da manhã. Mas, se computarmos as horas que dormiram, apesar de terem levantado muito cedo, perceberemos que foi um número bastante adequado.
No entanto, eles podem estar acordando por alguns outros motivos que precisam ser investigados. Nos homens, por exemplo, é muito comum o sono ser interrompido pela necessidade de ir ao banheiro para urinar.

DIFICULDADES NO TRATAMENTO DE IDOSOS

Drauzio – Outro problema sério em relação aos medicamentos prescritos para as pessoas de idade é garantir a aderência ao tratamento e o uso dos remédios nos horários e dosagens indicadas. Como garantir que o idoso com déficits de memória consiga tomar direitinho oito ou nove medicamentos por dia?

Fabiano Rocha – O médico deve estar muito atento a essa questão. Precisa ter certeza de que o idoso é capaz de ter acesso aos medicamentos, de entender as maneiras e os horários em que devem ser tomados. Caso haja alguma dúvida, a família deverá ser convocada para receber orientação.
Como em algumas fases o paciente acredita ser capaz de fazer assumir essa tarefa sozinho, a vigilância passa a ser fundamental a fim de evitar efeitos adversos por causa de dose elevada ou mistura inadequada de medicamentos na rotina do dia a dia.

Drauzio – Essas caixinhas que apresentam subdivisões para separar os remédios de acordo com a hora e a quantidade que devem ser tomados ajudam o idoso?
Fabiano Rocha – É uma estratégia, mas não funciona para todos. A solução tem de ser individualizada de acordo com as necessidades do paciente e da família. Não basta apenas o médico fazer a receita porque no final o que conta é o paciente tomar a medicação e de maneira correta. Por isso, é fundamental a troca de informações entre o médico, o paciente e sua família.

QUANTO MENOS, MELHOR

Drauzio – Quando recebe um paciente que está tomando vários medicamentos, o que você costuma fazer?
Fabiano Rocha – Minha vontade é sempre suspender o maior número possível de medicamentos e invariavelmente consigo racionalizar de alguma forma seu uso. Às vezes, substituindo por outros tipos de tratamento, é possível reduzir para dois essenciais os nove medicamentos que o paciente vinha tomando. Outras vezes, só é possível retirar um ou dois. Os resultados ficam evidentes na segunda consulta quando tanto ele quanto a família referem-se à melhora de disposição e do funcionamento da memória, o que vem provar que as alterações anteriores eram por conta dos efeitos colaterais dos medicamentos e não propriamente por conta do processo de envelhecimento.

Drauzio – Na verdade alguns desses medicamentos são absolutamente inúteis. Não existe, por exemplo, remédio eficaz para a memória, mas são muitos os idosos que tomam esse tipo de medicamento.
Fabiano Rocha – O bom funcionamento da memória não está ligado ao uso de medicamentos. Se existe um déficit de memória, suas causas têm de ser investigadas e, feito um diagnóstico, devem ser tratadas. Essa abordagem racional do problema, às vezes, causa estranheza para a família.

Drauzio – Há outros remédios inúteis como esses para a memória?
Fabiano Rocha – Existe a chamada prescrição em cascata. O médico receita uma medicação para a dor, por exemplo, que tem como efeito colateral a constipação intestinal. Daí, o hábito intestinal da pessoa, que era diário, começa a espaçar-se e ela volta ao médico com a queixa de que seu intestino não está funcionando direito. Na tentativa de resolver o problema, ele prescreve outro e mais outro medicamento.
A prescrição em cascata explica em parte a quantidade enorme de remédios que toma o idoso.

Drauzio – Quer dizer que o paciente toma um remédio e depois outro para o efeito colateral que o primeiro provocou e assim sucessivamente. Na verdade, se deixasse de usar o primeiro, todos os outros seriam absolutamente desnecessários.
Fabiano Rocha – No caso da constipação intestinal, por exemplo, bastava apenas orientar os hábitos alimentares e estaria resolvido o problema.

ESTILO DE VIDA

Drauzio – A tendência dos médicos e da própria família é medicar sem prestar atenção em outras medidas que poderiam ajudar a resolver certos problemas, como fazer a pessoa andar, movimentar-se, por exemplo.

Fabiano Rocha – Esse é um fato que noto com frequência nos pacientes que me procuram e em suas famílias, embora muitos busquem alternativas para a medicação e desejem uma forma de medicina um pouco mais natural, um pouco mais racional.
Nesse sentido, procuramos destacar a importância do contexto familiar e social, da atividade física e de um ambiente psicossocial adequado. Tudo isso somado propicia condições favoráveis ao menor uso de medicamentos.

Drauzio – Quanto ao estilo de vida, quais são as recomendações que ajudam o idoso a não tomar tantos remédios?
Fabiano Rocha – A atividade física é fundamental e constitui uma das formas mais eficientes para diminuir a quantidade de medicamentos. Além disso, aumenta a massa muscular, torna-a mais exuberante, regula os hábitos intestinais e melhora o equilíbrio. A pessoa fica menos vulnerável a quedas, uma vez que elas são frequentes nos idosos também por conta do abuso de medicamentos.
Do ponto de vista psíquico, a atividade física deixa a pessoa mais centrada, tranquila e desenvolta, inclusive socialmente. Do ponto de vista fisiológico, é responsável pela liberação de uma série de hormônios, por exemplo, o hormônio do crescimento (que tem ação benéfica sobre a pele, a musculatura, a quantidade de cálcio nos ossos, etc.), a testosterona e tantos outros que tornam desnecessária a indicação de vários medicamentos.

VITAMINAS E MINERAIS

Drauzio – Você receita vitaminas para os pacientes idosos que têm dieta variada, que comem verduras, legumes e frutas?
Fabiano Rocha – Quem tem dieta variada não precisa de vitaminas a não ser que haja um déficit real de alguma delas. No que se refere à ação preventiva dos antioxidantes, do ponto de vista científico, esse é um assunto ainda discutido intensamente em relação aos reais benefícios que o uso desses medicamentos possa trazer. Por isso, procuro passar ao paciente e à família a noção de que quanto menos medicamentos, incluindo as vitaminas, melhor.

Drauzio – É muito lógico que se dê cálcio para um idoso que não toma leite, por exemplo. No caso das vitaminas, quais são os critérios que você adota para prescrevê-las?
Fabiano Rocha – Alimentação balanceada é o melhor remédio para o déficit vitamínico. De maneira geral, as frutas proporcionam a quantidade necessária de vitaminas ao organismo. Acontece que, na terceira idade, as pessoas começam a ter uma dinâmica familiar e social mais complexa. É a senhora viúva que mora sozinha – atitude que incentivo e valorizo -, mas que não encontra graça em cozinhar só para si. Fazer comida para mais pessoas era mais fácil e lhe dava maior prazer. Essa nova realidade, somada a hábitos antigos de alimentação, nem sempre muito saudáveis, pode provocar alguns déficits.
Nesse caso, procuro fazer as pessoas entenderem a importância da alimentação equilibrada e oferecer algumas alternativas para a escolha de alimentos com os nutrientes de que necessitam. Não é raro um senhor ou uma senhora que moram sozinhos fazerem as refeições num restaurante de comida por quilo e basta orientá-los sobre a seleção dos alimentos colocados no prato que a necessidade premente de repor vitaminas e outros nutrientes será evitada.

HIDRATAÇÃO DOS IDOSOS

Drauzio – É claro que varia conforme a estação do ano, mas qual é o mínimo de água necessário para o corpo humano de mais de 70 anos?
Fabiano Rocha – Durante o processo de envelhecimento existe perda progressiva da quantidade total de água no organismo, uma vez que os mecanismos que a retêm não funcionam tão bem quanto na juventude. A esse fato estão associados alguns fenômenos interessantes. A pessoa não percebe, por exemplo, que está com sede e não toma água, quando deveria tomá-la mesmo que não sentisse sede.
A situação complica em cidades de calor intenso e para quem toma diuréticos para controle de doenças cardiovasculares. E tem mais: a possibilidade de a desidratação evoluir para insuficiência renal é agravada pelo uso de certas medicações como os anti-inflamatórios não hormonais que invariavelmente são prescritos nos casos de dores e artroses.
Desidratação é um problema sério para as pessoas idosas. Internadas com quadro grave de desidratação e insuficiência renal, muitas vezes, elas acabam indo a óbito.

Drauzio – Morrem apesar de existir um tratamento tão simples e barato.
Fabiano Rocha – Se não houvesse o abuso de anti-inflamatórios e a pessoa fosse orientada para hidratar-se da forma adequada, essa possibilidade seria mais rara. Infelizmente, hoje em dia, é bastante frequente.

FARMACOGENÉTICA

Drauzio – Você poderia explicar o que é farmacogenética e qual o impacto que essa área da farmacologia exercerá na medicina?
Fabiano Rocha – Com o avanço do conhecimento genético, (a tecnologia inclusive já existe), será possível saber qual o melhor medicamento para determinado indivíduo numa situação específica. Drogas anti-hipertensivas, por exemplo, serão escolhidas de acordo com as características genéticas do paciente, e outras serão evitadas porque o processo enzimático definido por seu código genético mostra que não haverá metabolização adequada e que poderão aparecer efeitos colaterais indesejáveis.
A revolução que a farmacogenética trará é tão grande que, em 1999, o Wall Street Journal publicou algumas preocupações do ponto de vista financeiro em função do impacto provocado sobre a indústria farmacêutica num futuro próximo.

Drauzio – Pode-se dizer, então, que vai desaparecer o empirismo nas prescrições médicas. Receitar o mesmo remédio para todos, sabendo que alguns pacientes irão responder bem e outros não, essa tentativa de acerto e erro será finalmente descartada?
Fabiano Rocha – A tecnologia já existe só que não é ainda acessível, mas acredito que em pouco tempo a farmacogenética será uma realidade nos consultórios e hospitais.

DESPESAS COM REMÉDIOS

Drauzio – O Brasil tem um sistema de Previdência Social muito precário para a enorme maioria dos brasileiros. Excetuando alguns privilegiados, todos os outros recebem muito pouco de aposentadoria. Como você vê o gasto desproporcional com medicamentos dentro da nossa realidade econômica e social?

Fabiano Rocha – Na minha opinião, os investimentos estão desfocados. Deveríamos estar mais preocupados em cuidar da saúde do que das doenças. Acredito, também, que em algum momento o governo será obrigado a rever a política de saúde, um conceito bastante amplo que pode estar ligado a tratamentos nutricionais, atividade física, etc. e não só a doenças.

Drauzio – Vamos imaginar uma pessoa com pressão alta desde os 40 anos que não tenha controlado a hipertensão. Aos sessenta e poucos, tem um derrame cerebral, fica puxando um braço e uma perna, e um infarto do miocárdio, mas escapa vivo em condições precárias. Ela precisa de um neurologista por causa do derrame e sai da consulta com a prescrição de três ou quatro remédios. Precisa de um cardiologista para controlar a pressão e o ritmo cardíaco e tem mais três ou quatro medicamentos receitados. O que representa o custo desses tratamentos?

Fabiano Rocha – É um custo enorme para o indivíduo, para a família e para a sociedade. A partir do momento em que as doenças estão instaladas, é preciso descobrir uma abordagem racional de tratamento, mas é preciso também uma abordagem preventiva para que as pessoas não fiquem doentes. Atualmente, essa é uma preocupação não só da política de saúde pública, mas também dos serviços de saúde privados. Ninguém mais discute que implementar a qualidade de vida é a única saída para prevenir as doenças.

Drauzio – É possível envelhecer sem tomar remédios?
Fabiano Rocha – Sem dúvida. Envelhecimento não é sinônimo de doença. Embora elas sejam mais frequentes na idade avançada, não significa que o indivíduo necessariamente vai ter alterações de memória ou qualquer outro tipo de limitação. Conheço pacientes de 98, 100 anos que vão bem, obrigado, sem tomar praticamente medicação nenhuma. Alguns nunca foram hospitalizados, vivem bem e nos dão conselhos sobre como chegar lá em boas condições de saúde

Notícias

Tagarelice Feminina


O povo diz que mulher fala demais. E que nós acabamos fazendo o que elas querem, só para ficarmos livres do falatório. De fato, diante de um grupo de amigas na mesa do bar ou no salão de cabeleireiro, ficamos com a impressão de que calar não é o forte delas.

A partir dessas e de outras observações empíricas, a suposta tagarelice feminina tem sido admitida como característica comprovada cientificamente. Há teorias que a atribuem à existência de centros coordenadores da linguagem tanto no hemisfério cerebral esquerdo quanto no direito, nas mulheres, enquanto no homem as áreas da fala e da linguagem se acham restritas ao hemisfério esquerdo.

A existência desses centros em ambos hemisférios explicaria por que as meninas aprendem a falar antes. Explica também por que, nos casos de derrame cerebral, a fala é comprometida com mais frequência no sexo feminino e por que elas recuperam mais rapidamente a capacidade de articular as palavras do que os homens depois dos derrames.

Essas variações anatômicas, no entanto, não justificam a fama verborrágica que o assim chamado sexo frágil carrega. No livro “O cérebro feminino” a neuropsiquiatra L. Brizendine afirmou: “A mulher usa cerca de 20 mil palavras por dia, enquanto o homem usa apenas sete mil”. Desde então, esses números têm sido citados como se fossem verdades indiscutíveis.

Na realidade, porém, nenhum estudo abordou essa questão sob a ótica do método científico, por meio de gravações sistemáticas das vozes de grande número de pessoas, por períodos de tempo prolongados.

Considerando um estudo conduzido na Inglaterra, no qual 153 participantes gravavam suas conversas diárias num gravador manual, M. Liberman observou que as mulheres falavam em média 8.805 palavras por dia, enquanto os homens não passavam de 6.073. No entanto, o próprio autor levantou suspeita de que a contagem pudesse estar sujeita a erros, uma vez que o momento de ligar e de desligar o gravador ficava por conta dos participantes.

Nos últimos oito anos, um grupo de psicólogos americanos desenvolveu um método para que tal contagem fosse realizada com mais precisão, através do uso de gravadores ativados eletronicamente.

Por meio da tecnologia digital, o dispositivo era ativado periodicamente para gravar o som ambiente e as conversações rotineiras durante vários dias consecutivos. O aparelho foi programado para gravar por períodos de 30 segundos, a cada 12,5 minutos, durante as horas de vigília. As mulheres e os homens observados não tinham meios de saber quando o sistema estava ligado.

Entre 1998 e 2004, foram estudadas 396 pessoas: 210 mulheres e 186 homens. Os participantes pertenciam a seis grupos de universitários de 17 a 29 anos de idade. Os resultados revelaram que, durante um período de observação médio, que variou de dois a dez dias, no decorrer de 17 horas de vigília diárias, as mulheres pronunciaram em média 16.215 palavras por dia, e os homens, 15.669. Realmente, as mulheres foram mais prolixas. Mas, ganharam por apenas 7%, diferença que não alcançou significância estatística.

Apesar do maior rigor metodológico, graças ao emprego de tecnologia digital que impossibilita o participante de identificar os períodos em que a conversa está sendo gravada, o estudo sofre de imperfeições. A mais importante é a de que todos os participantes são estudantes universitários. Uma amostra que abrangesse indivíduos com características étnicas e sociodemográficas mais diversificadas, poderia obter informações mais relevantes.

Por outro lado, caso a propalada verborragia feminina tivesse bases neuropsiquiátricas ou adaptativas sólidas, não haveria razão para que nos seis grupos de universitários elas se comportassem de forma diversa do restante da população.

Os homens convencidos de que o sexo oposto faz uso abusivo da palavra, precisam admitir que podem estar enganados. Não existe base científica para essa afirmação.

Drauzio Varella

Notícias

ANVISA VETA CIGARRO COM SABOR



O cigarro é o mais abjeto dos crimes já cometidos pelo capitalismo internacional. Você acha que exagero, leitor? Compare-o com outros grandes delitos capitalistas; a escravidão, por exemplo: quantos viveram como escravos? E quantas crianças, mulheres e homens foram escravizados pela dependência de nicotina desde que essa praga se espalhou pelo mundo, a partir do início do século 20?

O primeiro crime foi perpetrado contra algumas centenas de milhares de pessoas; o segundo contra mais de 1 bilhão. Na história da humanidade, jamais o interesse financeiro de meia dúzia de grupos multinacionais disseminou tantas mortes pelos cinco continentes: cinco milhões por ano – duzentas mil das quais no Brasil.

Faço essas reflexões por causa de uma série que levamos ao ar no Fantástico, da TV Globo, com o objetivo de dar força aos que pretendem parar de fumar. Para escolher os personagens, pedimos aos espectadores que nos enviassem vídeos explicando por que razões pediam ajuda para livrar-se do cigarro.

As cenas são dramáticas. Mulheres e homens de todas as idades que se confessam pusilânimes diante do vício, incapazes de resistir às crises de abstinência que se repetem a cada vinte minutos. Mães e pais cheios de remorsos por continuar fumando apesar do apelo dos filhos; avós que se envergonham do exemplo deixado para os netos; doentes graves que definham a caminho da morte sem conseguir abandonar o agente causador de seus males.

Em vinte e dois anos nas cadeias, adquiri a convicção de que a nicotina causa a mais devastadora das dependências químicas. Largar da maconha, da cocaína e até do crack é muito mais fácil: basta afastar o dependente da droga, da companhia dos usuários e dos locais de consumo. Em contrapartida, a vontade de fumar é onipresente; mesmo sozinho, num quarto escuro, o corpo abstinente suplica por uma dose de nicotina.

No antigo Carandiru, vi destrancar a porta de uma solitária, na qual um homem havia cumprido trinta dias de castigo. Com as mãos a proteger os olhos ofuscados pela luz repentina, dirigiu-se ao carcereiro que acabava de libertá-lo: “Me dá um cigarro pelo amor de Deus”.

Cerca de 75% dos fumantes se tornam dependentes antes dos dezoito anos; muitos o fazem aos doze ou treze, e até antes. Somente 5% começam a fumar depois dos vinte e cinco. Por esse motivo, a Organização Mundial da Saúde classifica o tabagismo no grupo das doenças pediátricas.

Conhecedores das estatísticas, os fabricantes fazem de tudo para aliciar as crianças. Quando tinham acesso irrestrito ao rádio e à TV, associavam o cigarro à liberdade, ao charme, ao sucesso profissional e à rebeldia da adolescência. Hoje, espalham pontos de vendas junto às escolas, com os maços coloridos expostos ao lado de balas e chocolates nas padarias e das revistas infantis nas bancas de jornal.


Por que razão brigam tanto para patrocinar shows de rock e corridas de Fórmula1? Seria simplesmente para aprimorar o gosto musical e incentivar práticas esportivas entre os jovens?

Que motivos teriam para opor-se visceralmente à Anvisa, quando pretende proibi-los de acrescentar substâncias químicas que conferem ao cigarro sabores de chocolate, maçã, menta ou cereja? Existiria outra explicação que não a de torná-lo menos repulsivo ao paladar infantil?

Qualquer tentativa de conter a epidemia de fumo através da legislação é combatida com as estratégias mais covardes por lobistas, deputados e senadores a serviço da indústria. Na contramão do que deseja a sociedade, pressionam até contra a lei que proíbe fumar em bares e restaurantes. O que esses senhores ganham com essa conduta criminosa? Estariam apenas interessados no destino das 180 mil famílias que trabalham nas plantações ou nas doações dos fabricantes?

Nós temos o dever de impedir o crime continuado que a indústria do fumo pratica impunemente contra as crianças brasileiras. Fumar não pode ser encarado como um simples hábito adquirido na puberdade. Hábito é escovar os dentes antes de dormir ou colocar a carteira no mesmo bolso.

O cigarro deve ser tratado como o que de fato é: um dispositivo para administrar nicotina, a droga que provoca a mais torturante das dependências químicas conhecidas pelo homem.


Drauzio Varella

13 de março de 2012

" Así cada manaña
de mi vida
Traigo del sueño ,
otro sueño."

(Pablo Neruda)
DEFICIÊNCIAS




Sempre haveremos de precisar uns dos outros...

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

"A amizade é um amor que nunca morre."
Deus tem um plano na vida de cada um de nós e não adianta querermos apressar ou retardar as coisas, pois tudo acontecerá no seu devido tempo, e esse tempo é o tempo Dele, não nosso ... Espere Nele e Ele tudo fará!!!



Por Mendez

12 de março de 2012

Falar um pouquinho de Amorrr ...


Amar é algo maravilhoso. A maior qualidade do amor é que ele nos "engana", nos faz sentir únicos, perfeitos, especiais; nos faz viver momentos mágicos e incríveis. Beijamos como se fosse pela primeira vez, abraçamos querendo que aquele momento nunca mais se acabe; Aquele momento é único... é lindo. São momentos onde tudo que nos interessa está ali em nossos braços e mais nada importa e nada mais, nada ... Não importa o que e o quanto temos que fazer, e tudo que precisamos e queremos é ficar vivendo aquele momento, tendo alguém para abraçar, para beijar, para acarinhar, para pegar na mão e nunca mais soltar e claro um coração para nos amar. Emoções e emoções ... A vida passa a ter sentido, tudo gira em torno de nós mesmos.

É uma pena que tudo não passe de um momento, de um sonho... de um maravilhoso sonho ... um sonho ... um sonho e depois acordamos do sonho e ainda continuamos a sonhar.







Cápsulas de pequi devem chegar ao varejo



Descoberta de professor da UnB espera apenas autorização da Anvisa para chegar às gôndolas.

O professor Cesar Koppe da UnB, descobriu uma forma de preservar os pequizeiros do Cerrado: agregando valor ao seu produto, o pequi. Em dez anos de pesquisas, Cesar elaborou um produto em cápsulas que concentra as propriedades antioxidantes e antiinflamatórias do extrato e do óleo de pequi. "Quando comecei a estudar o pequi minha ideia não era ganhar dinheiro com isso. Era dar valor ao fruto do pequizeiro para ele não virar carvão em um saco ou pedaço de madeira em uma fazenda. Temos que agregar valor de forma sustentável", explica. Patenteado pela UnB, o produto fitoterápico que previne o envelhecimento aguarda apenas o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ter suas cápsulas comercializadas. Uma empresa de Brasília já adquiriu os direitos sobre a patente.

A primeira fase de testes do produto criado por Cesar foi feitas com células em cultura. Já nessa fase, o pesquisador pôde observar a capacidade antioxidante do extrato. Substâncias antioxidantes anulam o efeito dos radicais livres, moléculas responsáveis pelo envelhecimento das células e que são produzidas como resultado de reações químicas do organismo, como a respiração. Na fase seguinte, de testes em camundongos, os resultados foram confirmados.

O óleo e extrato começaram então a ser testados em humanos. O professor selecionou um grupo de 126 maratonistas, que, por exercerem atividade extenuante, produzem mais radicais livres. Eles tomaram cápsulas de óleo e extrato de pequi e passaram por uma bateria de exames após as maratonas. Os que tomaram o medicamento tiveram menos danos celulares dos que os que não tomaram.

O professor agora passa para uma nova fase: a de teste em pacientes vulneráveis do Hospital Universitário de Brasília. Ele fará os testes em pacientes com lúpus, que por conta da doença, também produzem mais radicais livres. "Os resultados podem apontar até para medicamentos que previnam o câncer. Radicais livres também podem gerar mutações na células", detalha.

Cesar destaca também a capacidade de limpar a gordura do organismo. O extrato consegue se ligar ao colesterol ruim e impedir que ele forme placas de gordura nas veias e artérias. "É como se fosse um azeite extravirgem. Só que o azeite vem do outro lado do mediterrâneo, e o pequi está aqui do lado", diz.

Patente da capsula de Pequi

Para previnir que outros países percebessem o pontencial da fruta e passassem a expolorá-lo, o pesquisador, por meio do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da UnB, patenteou o produto. "Temos que nos proteger, impedir que aconteça o que aconteceu com o açaí, que é nosso mas já foi patenteado por países no exterior", conta. Agora eles correm para fazer o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deve sair ainda no próximo semestre.

Ainda durante a fase inicial, Cesar procurou empresários que quisessem investir na pesquisa. "Nossos empresários não enxergam! Preferem pagar royalties do que ser coautores de uma patente", lamenta. Conseguiu que uma empresa farmacêutica apoiasse emprestando equipamentos. E essa empresa começará a comercializar o óleo e extrato de pequi em cápsulas assim que sair o registro da Anvisa. "A missão da universidade não é fazer comércio. A patente é da UnB, mas temos que transferir essa tecnologia. E eles terão que pagar royalties para a universidade", diz.

Na hora de transferir a tecnologia, Cesar conta que fez questão de priorizar a empresa que, além de ter ajudado na pesquisa, é da região. "Já havia uma empresa francesa interessada no extrato também", conta.

Para Cesar, o segredo para se preservar o cerrado brasileiro é mapear sua flora e agregar valor a ela. "Até a mídia virou as costas para o Cerrado. Fala-se muito em mapeamento da Amazônia, mas a situação no Cerrado é urgente", defende. "Ainda existem muitas espécies que podem ser trabalhadas: o baru, a arniquinha e o arnicão, todas elas abundantes ainda em áreas de preservação como a Chapada dos Veadeiros", completa.

Textos: UnB Agência.

11 de março de 2012

Medicalização de crianças transforma modo de ser em doença


Doenças inventadas


O Brasil vive uma epidemia de diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, hiperatividade, transtorno de oposição desafiadora, depressão, dislexia e autismo em crianças e adolescentes.
Entre 5% e 17% de crianças encaminhadas para serviços de especialidades médicas recebem uma receita com medicações extremamente perigosas, como psicoestimulantes, antidepressivos e antipsicóticos.
O remédio tomou conta do processo de educação e atribuiu ao organismo da criança a responsabilidade pelo aprendizado.
Foi isto o que mais de 1.200 profissionais da área da saúde e educadores ouviram em duas sessões realizadas no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Medicalização do modo de ser


Segundo o pediatra Ricardo Caraffa, as crianças acabam sendo diagnosticadas muito rapidamente e de forma errônea sem receber nenhum outro tipo de atenção e análise.
Num esforço de reverter esse quadro, foi realizado em São Paulo, no mês de novembro, um fórum sobre o tema.
Cerca de 450 participantes de 27 entidades assinaram um manifesto no qual afirmam que a aprendizagem e os modos de ser e agir têm sido alvos da medicalização, transformando as crianças em consumidores de tratamentos, medicamentos e terapias.
“A venda de medicamentos à base de metilfenidato aumentou 1.000 por cento nos últimos anos. São dois milhões de caixas por ano. Esse número é muito expressivo”, explicou Caraffa.

Diferenças pessoais, não doenças


Para a pediatra, professora e pesquisadora da Unicamp, Maria Aparecida Affonso Moysés, existem doenças e problemas de saúde que podem interferir com o desenvolvimento cognitivo e afetivo das pessoas.
Existem pessoas que aprendem com mais facilidade que outras e existem pessoas tranquilas, calmas, apáticas, agitadas, empolgadas e mais agressivas.
E entre os extremos há infinitas possibilidades.
Ainda segundo Moysés, existem diferentes modos de aprender e lidar com que já foi aprendido e cada um estabelece os seus próprios processos cognitivos e mentais para aprender.
“Cada ser humano é diferente do outro. Quais são as evidências científicas que comprovam que doenças biológicas e psiquiatras comprometem exclusivamente a aprendizagem?”, questionou a pesquisadora que desenvolve um trabalho juntamente com Cecília Colares, da Faculdade de Educação, sobre déficit de atenção.

Retrocesso


Para a psicóloga da USP Marilene Proença Souza, a criança brinca, faz birra, chora e tenta impor sua vontade.
Mas, hoje em dia, quando ela corre um pouco mais é dita como hiperativa, se fala muito é rotulada de desatenta, e se troca letras no processo de alfabetização – o que é esperado – dizem que ela tem dislexia.
Segundo Marilene, ao diagnosticar a criança com algum distúrbio, a sociedade está deixando de considerar todo o processo de escolarização que produz o não-aprender e o não-comportar-se em sala de aula.
“Do ponto de vista da psicologia da educação, estamos vivendo um retrocesso. Estamos culpando a criança por não aprender e medicando-a. O remédio não pode ocupar o lugar da escola e da família. Se assim for, estamos invertendo valores do campo da saúde, da educação e da psicologia com relação ao desenvolvimento infantil e deixando de usar todos os instrumentos pedagógicos no início do processo de alfabetização”, disse Marilene.

FONTE: UNICAMP

10 de março de 2012

Somos Eternos Aprendizes


" Sou um eterno aprendiz que no traçado da história tenta entender quem sou. Sou apenas um caminhante a procura de mim mesmo"...escreveu Augusto Cury em O vendedor de Sonhos.

Muitas pessoas julgam-se donos do saber só porque tem um curso ou alguma cultura que se destaca na mediania. No meu acadêmico e intelectual existe muita gente deste tipo. São pessoas geralmente vaidosas e muitas vezes arrogantes. A humildade é um atributo que não possuem. E o poder que julgam ter não têm. Apenas são iludidos com uma visão de si mesmos que está pra lá da realidade concreta e da sua imensa ignorância.

Todos somos desconhecedores de muitas coisas. Não há nenhum ser humano que seja capaz de ter acesso a todas infomações e conhecimentos que existem disponíveis no planeta. Querer arvorar-se em sabichão é o mesmo que estar em bicos de pés para parecer mais alto do que realmente se é. Considerar-se um simples aprendiz é uma atitude mais sensata e inteligente.



Rivotril porque é tão consumido? O que é? Para que serve?



Na frente de remédios para dor de cabeça e febre, o ansiolítico nem sempre é prescrito adequadamente - e pode causar problemas
Glycia Emrich

Rivotril: riscos do consumo sem prescrição e acompanhamentoÉ de se desconfiar quando um remédio necessariamente controlado, de tarja preta, se torna o segundo medicamento mais vendido no país. De acordo com o Instituto IMS Heath, no ano passado os brasileiros consumiram 14 milhões de caixas, ficando atrás apenas do anticoncepcional Microvlar. Será que realmente há tanta gente que precisa ser medicada?

Para que serve
Além de ser ansiolítico (agir contra a ansiedade), o remédio é anticonvulsante, poderoso relaxante muscular (e por isso é usado muitas vezes para tratamento de insônia) e é usado até para casos de overdose de anfetamina.

Apesar de possuir tantas propriedades, a categoria dos tranquilizantes não acompanha o sucesso do Rivotril. “Essa categoria é apenas a sétima que mais vende no Brasil. Fica atrás de analgésicos, anticoncepcionais e mais uma lista de medicamentos”, conta a psiquiatra Andrea Mercantes.

Amigo Rivs
A professora do Ensino Médio Carolina Carpezim, 36 anos, faz parte dos adeptos do Rivotril há seis anos. Na sua bolsa, além do celular, batom e da chave de casa, há sempre uma caixinha do remédio.

“O primeiro comprimido ganhei de uma amiga, quando terminei meu relacionamento de cinco anos. De lá pra cá, não parei mais. Sempre que me dá uma baixa emocional já tomo um comprimido. O Rivs (apelidinho dado por quem consome) é a grande invenção da humanidade”, conta ela.

Efeito bem-estar
Esse uso descontrolado em qualquer sinal de alteração dos ânimos é um dos grandes fatores para as vendas do remédio estarem sempre em alta. “O problema não é apenas o vício e a dependência que o consumidor de Rivotril cria. Há aí um problema sério no atendimento médico ao paciente também. Basta dizer que não está bem e o médico logo receita o ansiolítico. Cria a sensação de bem-estar, mas não resolve o real problema”, explica Andrea.

Beatriz M. *, 23 anos, começou a se automedicar quando entrou na faculdade de Engenharia dos Alimentos, há cinco anos. Na sua turma de amigas, não tem uma que não toma o “milagroso remedinho”. “Todo mundo na faculdade toma. É tipo fumar maconha, tomar cerveja. E ele ainda melhora o seu dia rapidinho”, explica Bia.

Plínio Montagna, presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, nota uma glamorização no ato de medicar-se. Os remédios psiquiátricos foram desmistificados e, hoje, são indicados até por quem não atua na área da Psiquiatria. “Emoções normais e importantes para a mente, como tristeza ou ansiedade em situação de perigo, são eliminadas porque incomodam”, diz ele.

Acompanhamento é essencial
O remédio, quando usado corretamente e com acompanhamento médico, tem sim propriedades importantes e que podem ajudar alguns tratamentos. “Ele pode ajudar muito no tratamento de ansiedade. Mas, para obter um resultado positivo, precisa de outros fatores – como terapia, exercício físico ou até antidepressivo. O ansiolítico serve como uma muleta, um apoio até todos os fatores juntos fazerem efeito”, explica a psiquiatra Annie Almond.

Cilada
Mesmo com acompanhamento, é preciso cautela. Rivotril causa dependência e não deve ser usado por muito tempo. O ideal é que ele seja usado apenas nas crises intensas e por no máximo seis semanas. Para quem é vítima do vício, podem aparecer crises de abstinência aguda.

A professora Carolina notou uma necessidade compulsiva logo após 40 dias que tomava o remédio. “Eu parei de tomar e passei a ter insônia, ficar irritada. Não teve jeito. Voltei a tomar o remédio imediatamente. Acho que vou ter que usá-lo para o resto da vida”, conta ela.

A facilidade de manter o uso indiscriminado do remédio tem um motivo preocupante: o acesso simples a um medicamento que é controlado. Apesar de ser vendido apenas com receita médica, não é tão difícil consegui-lo de outras formas.

“Uma amiga minha foi ao psiquiatra e aí aproveitei e pedi pra ela pegar uma receita pra mim. Foi tranquilo, não teve problema. Toda vez que preciso, ela me arruma. E se eu não tiver receita, sempre tem alguém que tem algum comprimido sobrando e quebra esse galho”, explica Beatriz. Pela internet também é possível comprar o medicamento sem apresentar qualquer prescrição médica.

Preço de bananas
O preço é outro fator essencial para o sucesso de vendas do remédio. É possível comprar uma caixinha com 30 comprimidos por apenas 9 reais. “O sucesso do Rivotril é decorrência do aumento dos casos de transtornos psiquiátricos e do perfil único do nosso produto: ele é seguro, eficaz e muito barato. O preço protege o nosso produto”, explica Carlos Simões, gerente da área de produtos de neurociência e dermatologia da Roche.

Aguentar a onda é preciso
A designer gráfica Patrícia D*, 31 anos, carrega sempre um Rivotril na bolsa quando resolve se jogar na balada. Para ela, é impossível curtir a noite toda e não fechar com a ingestão de um comprimido. “A galera toda toma ecstasy e depois tem que aguentar aquela “bad” que sempre bate. Pra evitar essa baixa emocional, a gente toma um Rivotril e fica novinha em folha”, conta a designer.

A ideia de que todo mundo deve estar o tempo todo feliz provoca essa busca incessante por qualquer coisa que mascare uma tristeza, uma dor, um mal estar emocional.

“Ninguém mais quer enfrentar a infelicidade e, por isso, há uma enorme busca por qualquer coisa rápida que esconda esse momento. É um problema sério de saúde pública. A população e especialistas no assunto precisam entender que algumas sensações e vivências são importantes para suportar a vida e encarar o mundo. Nem tudo pode ser medicalizado”.

Todo mundo tem um refúgio a que costuma recorrer para aliviar o peso dos problemas. Pode ser um lugar tranquilo, talvez a praia. O pensamento em uma pessoa querida. Uma extravagância, como compras ou aquele prato proibido pelo médico.

Na farmácia não se encontra produto descrito como "paz em drágeas" ou "xarope de paz". Mas muita gente acha que é isso o que deveria dizer o rótulo do Rivotril, um ansiolítico (ou, popularmente, um calmante). Rivotril é prescrito por psiquiatras a pacientes em crise de ansiedade - nos casos em que o sofrimento tenha causa bem definida. Mas tem sido usado pelos brasileiros como elixir contra as pressões banais do dia a dia: insônia, prazos, conflitos em relacionamentos. Um arqui-inimigo dos dilemas do mundo moderno.

Tanto que o Brasil é o maior consumidor do mundo em volume de clonazepam, o princípio ativo do remédio. Serão 2,1 toneladas em 2010, o que coloca o Rivotril no topo das paradas farmacêuticas daqui. É o 2º remédio mais vendido no país, à frente de nomes como Hipoglós e Buscopan Composto - em 2004, era o 4º da lista. Só perde agora para o Microvlar, anticoncepcional com consumo atrelado à distribuição pelo governo via Sistema Único de Saúde (SUS).

E olhe que o Rivotril é um remédio tarja preta. Só pode ser comprado na farmácia com a receita do médico em mãos. "A maior parte das vendas desse medicamento acontece via prescrição. Mas muitos conseguem o remédio com receita em nome de outros pacientes ou até pela internet", afirma Elisardo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Unifesp. Em alguns casos, até há a prescrição - mas de um médico não especialista, segundo Alexandre Saadeh, professor do Instituto de Psiquiatria da USP. "Ginecologistas costumam prescrever Rivotril para pacientes que sofrem fortes crises de TPM", diz. Até porque poucos brasileiros vão ao psiquiatra, de acordo com a Roche, laboratório responsável pelo Rivotril. "Grande parte dos brasileiros tem dificuldade de acesso a psiquiatras, e isso está relacionado à prescrição do Rivotril por médicos não especialistas", afirma Maurício Lima, diretor-médico da Roche.

Foi assim, por via não ortodoxa, que a popularidade do Rivotril cresceu. Não é difícil ouvir donas de casa recomendando o remédio a uma amiga que tem tido problemas para dormir. "Quem nunca ouviu que uma tia ou uma vizinha toma Rivotril há 20 anos e só dorme com isso?", pergunta o professor de psiquiatria do curso de medicina da PUC de São Paulo, Carlos Hubner. Ou achar relatos do tipo "Rivotril é meu melhor amigo" no Orkut e no Facebook. Nessas histórias, o Rivotril aparece sempre como um freio para sentimentos como medo, rejeição, angústia, tristeza e ansiedade. "Houve Big Brother em que eu estava com muita ansiedade e usava Rivotril para entrar no ar", disse Pedro Bial em entrevista à revista Playboy. O remédio tem sido usado até para cortar o efeito de outras drogas, segundo o psiquiatra André Gustavo Silva Costa, especialista em tratamento de dependentes químicos. "Jovens têm tomado o Rivotril para cortar o efeito de drogas como cocaína. Eles querem dormir bem para conseguir trabalhar no dia seguinte", diz.

O que é que o Rivotril tem?


Quando somos pressionados, algumas áreas do cérebro passam a trabalhar mais. Vem a ansiedade. O Rivotril age estimulando justamente os mecanismos que equilibram esse estado de tensão - inibindo o que estava funcionando demais. A pessoa passa a responder menos aos estímulos externos. Fica tranquila. Ainda que o bicho esteja pegando no trabalho, o casamento indo de mal a pior e as contas se acumulando na porta. É essa sensação de paz que atrai tanta gente. Afinal, a ansiedade traz muito incômodo: suor, calafrios, insônia, taquicardia... "Muitas vezes o sofrimento se torna insuportável. O remédio é valioso quando o paciente piora", diz Silva Costa. Para a carioca Bruna Paixão, de 32 anos, funcionou. "Um dia tomei uma bronca do meu chefe e fiquei péssima. Só pensava nisso. Aí resolvi tomar Rivotril para dormir. Tinha uma caixa em casa, dada por um amigo médico. Assisti um pouco de TV, conversei com um amigo no telefone e fui ficando bem", diz.

Justamente por trazer essa calma toda, o Rivotril não é recomendado a qualquer um. Seu consumo por profissionais que têm de se manter ágeis e em estado de alerta - como pilotos de avião e operadores de máquinas, por exemplo - é desaconselhado por médicos. "O Rivotril dá a falsa impressão de que a pessoa produz mais, mas a verdade é que o remédio só deixa mais calmo", diz José Carlos Galduroz, psiquiatra da Unifesp.

Não é só com o Rivotril que isso acontece. Os calmantes da família dele - os chamados benzodiazepínicos - têm o mesmo papel. São remédios como Lexotan, Diazepam e Lorax. Em parte, o Rivotril ficou famoso ao pegar carona na onda dos "benzo". Eles surgiram na década de 1950, e logo viraram os substitutos para os barbitúricos, como o Gardenal. Os barbitúricos têm indicação semelhante à dos benzo. Mas são mais perigosos: a linha entre a dosagem indicada para o tratamento e aquela considerada tóxica é muito tênue. A mais famosa vítima dos excessos de barbitúricos foi Marylin Monroe (embora haja dúvidas sobre o envenenamento acidental da atriz). Quando surgiram os benzodiazepínicos, o mundo achou um combate mais seguro à ansiedade. "Uma overdose de remédios como o Rivotril é praticamente impossível", diz Saadeh, da USP.

É verdade, o Rivotril tem berço, vem de uma família benquista pelos médicos. Isso já garante uma popularidade. Mas ele tem uma vantagem extra em relação aos parentes. Seu tempo de ação é de, em média, 18 horas no organismo, entre o início do relaxamento, o pico do efeito e a saída do corpo. É o que os médicos chamam de meia-vida. "A meia-vida do Rivotril é uma das mais confortáveis para o paciente, porque fica no meio-termo em relação aos outros remédios para a ansiedade e facilita a adaptação", diz Saadeh. Na prática, esse meio-termo significa que o efeito do Rivotril não termina nem cedo demais - o que poderia fazer o paciente acordar de uma noite de sono já ansioso - nem tarde demais - o que não prolonga a sedação por um período maior que o desejado.

No Brasil, o Rivotril tem ainda outra vantagem importante. Repare: somos os maiores consumidores mundiais do remédio, mas estamos apenas na 51ª colocação na lista global de consumo de benzodiazepínicos. Ou seja: o mundo consome muitos benzo, nós consumimos muito Rivotril. Por quê? Por causa do preço. Uma caixa de Rivotril com 30 comprimidos (considerando a versão de 0,5 miligrama) custa em torno de R$ 8. O principal concorrente, o Frontal, da Pfizer, custa cerca de R$ 29. Tudo isso faz o pessoal se esquecer da tarja preta do remédio. Mas ela está lá por um motivo, é claro. E esse motivo é o risco de dependência.

O risco é o mesmo visto em outros benzodiazepínicos. São dois, aliás. O de dependência química e o de dependência psicológica. Na química, o processo é parecido com o gerado por drogas como álcool e cocaína. O uso prolongado torna o cérebro dependente daquela substância para funcionar corretamente. A outra dependência é a psicológica. A pessoa até para de tomar o remédio, mas mantém uma caixa sempre no bolso como precaução. "Cerca de 80% das pessoas que usam benzodiazepínicos ficam dependentes em 2 ou 3 meses de uso", diz Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, de São Paulo. "E a maioria tem sídrome de abstinência se o remédio for tirado de uma hora para outra."

Em casos mais graves, a abstinência pode levar o paciente a uma internação. A pessoa pode ver, ouvir e sentir coisas que não existem, apresentar delírios (como ser perseguida por extraterrestres), agitação, depressão, apatia, entre outros sintomas. E para cortar a dependência? "O paciente precisa querer parar. Há drogas que tratam os sintomas da abstinência em no máximo 4 semanas", afirma Carlo Hubner, da PUC. Livrar-se do Rivotril é duro porque é preciso enfrentar todos os fantasmas de que o paciente queria se livrar quando buscou o remédio. Afinal, o remédio só esconde os problemas. Eles continuarão lá, à espera de solução.

O que é e para que serve ? O rivotril é o clonazepam, um tranqüilizante do grupo dos benzodiazepínicos. Sua alta potência, longo tempo de circulação como forma ativa e peculiaridades farmacodinâmicas o tornam um dos melhores tranqüilizantes disponíveis no mercado. Além disso, é uma medicação antiga o que permite seu conhecimento profundo uma vez que é usada por milhares de pessoas em todo o mundo, há muitos anos, sem nunca ter acontecido nenhum relato de efeitos perigosos. Como é antigo é também barato e fácil de ser encontrado, o que de forma alguma deve ser interpretado como sendo uma medicação de segunda categoria. A segurança dessa medicação é atestada pelo uso que é feito em crianças há muitos anos, sem nenhum problema decorrente do longo tempo de uso. A indústria que fabrica essa medicação elegeu este produto como antiepilético. De fato é assim, como todos os tranqüilizantes benzodiazepínicos, mas o efeito antiepilético não é sua principal função. Seu efeito tranqüilizante, sim, deve ser considerado sua principal qualidade. O Rivotril é eficaz para o controle da Fobia Social, do Distúrbio do Pânico, das formas de ansiedade genaralizadas e para ajudar a controlar os sintomas de ansiedade normais decorrentes de situações extremas da vida de qualquer um. Sua alta potência garante quase sempre um bom resultado e sua prolongada eliminação do organismo diminuem bastante o risco de dependência química. A dose comumente empregada varia entre 0,5 e 6mg por dia, podendo chegar a 20mg por dia em certos casos. Recentemente foi lançado a apresentação de 0,25mg de uso sublingual que está indicado para o uso imediato e episódico. Certos pacientes preferem usar a medicação só quando precisam e não o tempo todo como se costuma fazer, para esses casos existe a alternativa a apresentação sublingual.

Principais efeitos: O bloqueio da ansiedade costuma ser sentido logo nos primeiros dias, com isso os pacientes costumam adquirir confiança na medicação. Por outro lado a sedação é também forte, sendo recomendado para quem está com problemas para dormir. Ao longo do uso o efeito sedativo costuma diminuir permitindo que as pessoas que foram prejudicadas pela sonolência causada pela medicação restabeleçam seu rendimento normal. A sedação é muito variável: algumas pessoas com 1mg ficam completamente sedadas enquanto outras com 6mg não sentem sono algum. Isto depende apenas das características pessoais de cada um e é impossível saber como a pessoa reagirá caso esteja tomando pela primeira vez. Doses mais altas podem diminuir o desejo sexual: este efeito colateral desaparece quando a medicação é suspensa. Outros efeitos comuns aos benzodiazepínicos como tonteiras, esquecimentos, fadiga, também podem acontecer.

O sucesso espetacular do Rivotril no Brasil não ocorre com outros medicamentos da mesma categoria. A classe dos tranquilizantes é a sétima mais vendida no país – vende menos que anticoncepcionais, analgésicos, antirreumáticos e outros tipos de remédio. A clara preferência pelo Rivotril é um fenômeno brasileiro, que não se repete em outros países. A escalada desse ansiolítico na lista dos mais vendidos sugere que a população em sofrimento psíquico pode ser maior do que se imagina. Transtornos de ansiedade e depressão são comuns nas grandes cidades, castigadas pela violência, pelo trânsito e pelo desemprego. Mas a pesquisa São Paulo Megacity, uma parceria do Hospital das Clínicas de São Paulo com a Organização Mundial da Saúde, revela que cerca de 40% dos moradores da região metropolitana sofre de algum tipo de transtorno psiquiátrico. É um porcentual que os próprios psiquiatras consideram “assustador” – e que depõe frontalmente contra a imagem de “nação feliz” que os estrangeiros e nós mesmos, brasileiros, gostamos de cultuar.

O segundo problema que leva à indicação excessiva do Rivotril é a precariedade do atendimento de saúde brasileiro, sobretudo de saúde mental. Há falta de psiquiatras no país. Consequentemente, as pessoas não recebem diagnóstico correto e não têm tratamento adequado de seus problemas. Quando o paciente chega ao consultório com enxaqueca, gastrite ou qualquer outra queixa que possa ter alguma relação com ansiedade, frequentemente ganha uma receita de Rivotril. “Os médicos fazem isso porque o remédio é barato (a caixinha mais cara custa R$ 13), antigo e seguro”, diz Luiz Alberto Hetem, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. “Mas ele pode mascarar quadros mais graves.” O ansiolítico acalma e atenua a ansiedade, mas os problemas subjacentes não são diagnosticados. “Grande parte das pessoas nem sequer sofre de ansiedade. A depressão é muito comum”, afirma a psiquiatra Mônica Magadouro.

O terceiro fator que contribui para a venda de Rivotril é o que o psicanalista Plínio Montagna chama de “glamorização do ato de medicar-se”. No passado havia preconceito contra os remédios psiquiátricos. Recentemente, houve uma guinada cultural e eles passaram a ser vistos como resposta a todos os problemas da existência. Os médicos (sobretudo os que não são psiquiatras) receitam remédios psiquiátricos com total desenvoltura. Da parte dos pacientes, também existe a expectativa de que isso aconteça.Todos têm pressa.
“Emoções normais e importantes para a mente, como tristeza ou ansiedade em situação de perigo, são eliminadas porque incomodam”, diz Montagna, que é presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Questões existenciais são tratadas como sintomas médico-psiquiátricos, com a colaboração de “uma avassaladora quantidade de dólares” gastos em publicidade pela indústria farmacêutica. “É frequente eu receber para tratamento pacientes com dosagens excessivas de medicação ou coquetéis de diversas substâncias, sem que os aspectos psicológicos tenham sido levados em consideração”, afirma o psicanalista, que também é formado em psiquiatria.

Por trás da precariedade do sistema de saúde e do modismo da medicação, existe a crescente incapacidade das pessoas – e dos médicos – em conviver com um dos sentimentos mais enraizados da psique humana, a ansiedade. Ela está lá desde os primórdios do homem, associada a temores e ameaças indefiníveis. Embora desagradável, é um dos motores da existência. Faz parte da nossa constituição evolutiva. “Ela é um estado de alerta, um estímulo para produzir. O contrário da ansiedade é a apatia”, diz o psicanalista Eduardo Boralli Rocha. Totalmente diferente dessa ansiedade benigna é a combinação explosiva de urgência, competição e sentimento de exclusão que caracteriza o nosso tempo.

“As pessoas sentem que em algum lugar está havendo uma festa para a qual elas não foram convidadas e têm de correr atrás”, diz Boralli. Sigmund Freud, o criador da psicanálise, dizia que a ansiedade era o sintoma de algo que não estava bem resolvido interiormente. Ele diferenciava entre a ansiedade produzida por uma situação externa real e aquela imaginada ou brutalmente amplificada por nossos medos interiores. A primeira não deveria ser medicada, mas ela tornou-se tão presente, tão avassaladora, que é isso que tem sido feito, em larga escala.


Site com a bula: http://www.medicinanet.com.br/bula/4557/rivotril.htm


ALIMENTAÇÃO: LEITE É VIDA

A principal função do leite é nutrir (alimentar) os filhotes até que sejam capazes de digerir outros alimentos. Além disso, cumpre as funções de proteger o trato gastrointestinal das crias contra antígenos, toxinas e inflamações e contribui para a saúde metabólica, regulando os processos de obtenção de energia (em especial, o metabolismo da glicose e da insulina).

É o único fluido que as crias dos mamíferos (ou bebê de peito) ingerem até o desmame. O leite de animais domesticados forma parte da alimentação humana adulta na maioria das civilizações: de vaca, principalmente, mas também de ovelha, cabra, égua, camela, etc. O homem é o único animal que continua a tomar leite depois de adulto.

O leite é a base de numerosos laticínios, como a manteiga, o queijo, o iogurte, entre outros. É muito freqüente o uso de derivados do leite nas indústrias alimentícias, químicas e farmacêuticas, em produtos como o leite condensado, leite em pó, soro de leite, caseína ou lactose. O leite dos mamíferos marinhos, como, por exemplo, das baleias, é muito mais rico em gorduras e nutrientes que o dos mamíferos terrestres.

A apresentação do leite no mercado é variável e o que, geral, aceita-se a alteração de suas propriedades para satisfazer as preferências dos consumidores. Uma alteração muito freqüente é a desidratá-lo (Liofilização), tornando-o leite em pó, o que facilita seu transporte e armazenagem. Também é usual reduzir o conteúdo de gordura, aumentar o de cálcio e agregar sabores.

Os requisitos que deve cumprir um produto para classificar-se nas diferentes categorias variam muito de acordo com a definição de cada país:


Integral: tem conteúdo em gordura de 3.2%

Leite desnatado: conteúdo gorduroso inferior a 0.3%

Semi-desnatado: com um conteúdo gorduroso entre 1.5 e 1.8%

Saborizado: é o leite açucarado ou edulcorado à que se adicionam sabores tais como morango, cacau em pó, canela, baunilha, etc. Normalmente são desnatados o semi desnatadas.

Galatita: plástico duro obtido do coalho do leite ou mais especificamente a partir da caseína e do formol.

Leite em pó o Liofilizado: leite do qual se extrai 95% de água mediante processos de atomização e evaporação. Apresenta-se num pó de cor creme. Para seu consumo, só é preciso adicionar água ou leite.

Leite condensado, concentrado ou evaporado: deste leite, a água foi parcialmente extraída e ele tem aspecto mais espesso que o leite fluido normal. Pode ter açúcar, adicionado ou não.

Leite enriquecido: são preparados lácteos aos quais se adiciona algum produto de valor nutritivo como vitaminas, cálcio, fósforo, omega-3 etc.

Leite tipo A

Leite in natura, é retirado pela ordenha mecânica e vai direto para um tanque, onde é aquecido até 70-75°C e depois resfriado. Esse processo denomina-se pasteurização. Em seguida, vai para a máquina embaladora. Todo o processo é feito na própria fazenda, com o mínimo de contato humano.
Devido à qualidade do processo, o leite Tipo A tem menos contaminantes, e portanto demora mais a estragar do que os leites B e C.

Leite tipo B

Assim como no leite tipo A, a ordenha deve ser mecânica. O local de armazenamento é mais sofisticado do que o tipo C, devendo ser sempre refrigerado (a aproximadamente 4°C). O processo industrial de pasteurização, bem como o envasamento, podem ser feitos em laticínio fora da fazenda.
A mecanização contribui para a excelência na extração do leite tipo B, possuindo assim, menos contaminantes do que o leite tipo C. Como há transporte até o laticínio, há maior exposição ao ambiente do que no caso do leite tipo A. Assim fica com maior concentração de contaminantes e tem durabilidade intermediária entre os tipos A e C.

Leite tipo C

A ordenha pode ser manual ou mecânica. O leite pode ser armazenado em tanques não refrigerados antes de seguir para o laticínio onde será pasteurizado.

Leite UHT (Longa Vida)

Do inglês ultra-high temperature ou ultra-heat treatment [37].
A matéria prima (leite cru) tem o mesmo tratamento que no leite tipo C. Porém o processo industrial é de esterilização, e não pasteurização.
Na esterilização são eliminados praticamente todos os microorganismos, inclusive os benéficos.

Resumo:

Leite de vaca tipo A- mais gorduroso
Leite de vaca tipo B- mais proteína
Leite de vaca tipo C- mais mais fraquinho

O leite de bovino tem uma densidade média de 1,032 g/ml. É uma mistura complexa e heterogênea composta por um sistema coloidal de três fases:

Solução: os minerais assim como os hidratos de carbono se encontram dissolvidos na água.

Suspensão: as substâncias proteicas se encontram com a água em suspensão.

Emulsão: a gordura em água se apresenta como emulsão.

Contém uma proporção importante de água (cerca de 87%). O resto constitui o extrato seco que representa 130 gramas (g) por l, sendo a gordura de 35 a 45 g.
Outros componentes principais são os glucídios lactose, as proteínas e os lipídios. Os componentes orgânicos (glucídios, lípidos, proteínas, vitaminas), e os componentes minerais (Ca, Na, K, Mg, Cl). O leite contém diferentes grupos de nutrientes.
As substancias orgânicas (glúcidos, lípidos, proteínas) estão presentes em quantidades mais o menos iguais e constituem a principal fonte de energia. Estes nutrientes se dividem em elementos construtores, as proteínas, e em compostos energéticos, os glucídios e os lipídios.

Observação:

2 à 3 copos de leite por dia evitam a osteoporose e fortalecem os ossos.
Leite tem propriedades que evitam que o organismo acumule gorduras no abdomem.







Medicos abusam nas prescrições de medicamentos controlados



Anvisa apura se há excessos médicos na quantidade de prescrições de medicamentos de uso controlado
(Se tiver angustiada e com febre - diazepan. Sem sono - rivotril. Com dor-lorax. Chateado-Prozac. Cansado e com sono-Anfetaminas .. Gordinha-sibutramina e por ai vai...)
Brasília – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) investiga possíveis excessos médicos na prescrição de medicamentos de uso controlado, os chamados tarja preta. Segundo o diretor-presidente da agência, Dirceu Barbano, alguns profissionais têm receitado uma quantidade muito grande desses remédios, gerando o que ele classificou como “situações suspeitas”.
“A Anvisa já está empenhada na apuração dessas distorções”, afirmou Barbano, evitando dar detalhes sobre as suspeitas. “Elas vão ser tratadas nas devidas apurações e divulgadas à medida que algo for comprovado”.
Barbano lembrou que a agência vem monitorando os casos considerados atípicos envolvendo os medicamentos controlados desde 2009, quando o país passou a discutir a prescrição indiscriminada de remédios para emagrecer. Em outubro de 2011, a Anvisa baniu do mercado os emagrecedores à base de anfetamina. Pesquisas apontavam para o risco desses medicamentos causarem problemas cardíacos e ao sistema nervoso central.
De acordo com Barbano, na época, graças ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), foi possível identificar casos de profissionais que chegavam a prescrever 50 tratamentos à base de inibidores de apetite por dia. Algo que, segundo o diretor-presidente, pode agora estar ocorrendo com outros medicamentos controlados.
“Agora, como naquelas situações, temos que identificar o profissional, como ele obteve os talonários de receita, se a vigilância sanitária municipal já tomou providências, se, quando configurado o comportamento indevido, isso foi comunicado ao conselho de medicina”.
Barbano diz que somente a partir dos próximos relatórios, com os dados consolidados de 2011 e os preliminares de 2012, será possível apontar medidas que as autoridades sanitárias devem adotar. “Espero que essas informações sirvam para que tenhamos uma série histórica não só sobre o consumo, mas também das distorções, para verificar se elas se repetem, onde e por quais profissionais”.
Nesta sexta-feira a Anvisa divulgou um boletim técnico com informações a respeito do consumo de medicamentos controlados. O documento indica que, desde 2007, os ansiolíticos feitos a partir de substâncias como o clonazepam, bromazepam e alprazolam são os mais consumidos entre os 166 princípios ativos listados numa portaria que inclui as substâncias usadas em outros medicamentos de uso controlado, como emagrecedores e anabolizantes. A venda legal do primeiro deles, comercializado com o nome fantasia Rivotril, saltou de 29,46 mil caixas em 2007 para 10,59 milhões em 2010.
Os números, no entanto, não são fidedignos. Segundo Barbano, até 2008, poucas farmácias autorizadas a vender os medicamentes tarja preta prestavam informações em tempo real ao SNGPC. E, apesar de uma melhora gradativa na qualidade das informações fornecidas ao sistema, ainda não são todos os estabelecimentos que fornecem os dados, o que o diretor-presidente acredita que ocorra em breve.
“Estamos chegando ao número que é efetivamente comercializado. Isso irá nos permitir dizer se os números são ou não são altos para o Brasil. Por enquanto, temos um número crescente de prescrições e estamos tentando caracterizar quais são os produtos e quem são os profissionais que os recomendam para, então, analisar o que deve ser feito”, concluiu Barbano.


Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida

Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:

"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".

No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório.
Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:
- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso?
- Ainda bem que esse infeliz morreu!
Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.
A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?
No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo...
Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo.

"Sua vida não muda quando seu chefe muda, quando sua empresa muda, quando sua empresa muda, quando seus pais mudam, quando seu(sua) companheiro(a) muda. Sua vida muda quando vc muda! Você é o único responsável por ela!

O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.
A vida muda, quando "você muda"


Luiz Fernando Veríssimo

Tempo ... tempo ...

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente". Carlos Drummond de Andrade

7 de março de 2012






Antipsicóticos: trocar ou não trocar?


Autor: Jeffrey A. Lieberman, MD
Publicado em 26/08/2011

Olá. Eu sou o Dr. Jeffrey Lieberman, da Universidade de Columbia, falando para o Medscape. Hoje, quero abordar a questão de como e quando mudar a medicação ou as medicações antipsicóticas e o que esperar com a mudança. Este é um procedimento padrão no curso do tratamento de pacientes com transtornos psicóticos, como a esquizofrenia, e pode ser necessário devido a diversas ocorrências. Pode-se mudar a medicação porque ela não é eficaz e não está controlando os sintomas adequadamente, ou quando, apesar de eficaz, não está alcançando o nível de resposta terapêutica desejada, o que significa a persistência de sintomas residuais. A medicação pode estar produzindo efeitos adversos indesejados que representam problemas de tolerabilidade e segurança. Por essas razões, pode-se considerar a mudança para outra medicação para melhorar sua eficácia e controle dos sintomas ou para melhorar a tolerabilidade e segurança.

Recentemente, três artigos apresentaram estudos muito rigorosos sobre a questão da mudança. Vou comentá-los como uma forma de ilustrar as vantagens e desvantagens da mudança. Geralmente, quando um paciente está relativamente estável com um antipsicótico, mas com algum nível de sintomas residuais, tendemos a considerar a troca da medicação para avaliar a possibilidade de uma melhora no controle dos sintomas. Consideramos também que outros medicamentos apresentarão eficácia equivalente ou comparável, portanto não haverá qualquer perda da capacidade de manter o nível de resposta alcançado e que as medicações vão produzir esta tolerância cruzada em termos de eficácia. Esta suposição pressupõe que a mudança não terá nenhuma desvantagem. Pode não melhorar o nível de controle dos sintomas em relação à medicação antipsicótica anterior, mas poderia melhorar os efeitos adversos e poderia ser mais eficaz, embora não tenhamos certeza quanto ao controle dos sintomas. A única troca que sabemos ter uma grande chance de ser mais eficaz é para a clozapina no paciente com sintomas residuais ou refratário.

No entanto, em 2006, Essock e colaboradores publicaram os resultados obtidos com pacientes inscritos no estudo CATIE (Ensaio Clínico de Intervenção para Eficácia de Antipsicóticos). Estes pacientes haviam sido randomizados para um de 5 medicamentos. Assim, alguns pacientes mudaram a medicação de que estavam em uso quando entraram no estudo e outros pacientes permaneceram com o mesmo medicamento, porque eles foram randomizados para a mesma medicação que estavam recebendo anteriormente. Essock e colaboradores descobriram que quando os pacientes que estavam estáveis, mas com sintomas residuais, trocaram a medicação, houve uma maior taxa de abandono do tratamento devido à desestabilização ou a novos efeitos colaterais associados à mudança. Este fato aconteceu particularmente com os pacientes que, antes da mudança, estavam em uso de olanzapina ou risperidona. Isso significa que a mudança de um medicamento para outro apresenta um risco significativo de desestabilização e, que foi necessário voltar para a medicação anterior ou mudar para um novo medicamento para estabilizar o paciente novamente. Esta foi uma importante lição de que a mudança tem riscos e que a razão para mudar deve justificar esses riscos.

Uma segunda publicação de Essock e colaboradores analisou a conduta de tentar mudar os pacientes em uso de múltiplos medicamentos antipsicóticos para a monoterapia antipsicótica. Pacientes que estavam recebendo múltiplas medicações antipsicóticas foram randomizados para continuar estas múltiplas medicações ou ter uma medicação diminuída e interrompida, deixando-os com apenas um único antipsicótico. Este estudo encontrou que uma proporção de indivíduos que estavam tomando duas medicações antipsicóticas, e foram randomizados para diminuir e interromper uma delas, desestabilizavam e precisavam voltar para o regime de múltiplas drogas. Isso só aconteceu em um terço dos pacientes randomizados para eliminar uma medicação. Dois terços foram capazes de tolerar a monoterapia e a estabilidade foi sustentada com uma medicação ou houve melhora dos efeitos adversos.

Assim, este estudo respalda os esforços para simplificar os regimes farmacológicos, reduzindo a polifarmácia com medicações antipsicóticos. Isso precisa ser feito com cuidado e de forma gradual, com o entendimento de que uma proporção de pacientes não vai tolerar a redução e pode precisar voltar ao seu regime de múltiplas medicações. Mais uma vez: existe um risco na redução de um regime de politerapia para a monoterapia.

Em um terceiro estudo, Stroup e colaboradores fizeram esta pergunta: Mudar o antipsicótico atual para outro com menor potencial de causar distúrbios metabólicos nos pacientes que sofrem com os efeitos colaterais da obesidade, de um índice de massa corpórea elevado, peso corporal elevado, ou síndrome metabólica é a conduta correta? Os investigadores randomizaram pacientes que preenchiam os critérios para a síndrome metabólica para mudar para o aripiprazol, para um antipsicótico que não altera o peso ou com menor potencial de causar distúrbios metabólicos ou para permanecer com o regime em uso - olanzapina, quetiapina, ou risperidona. Eles observaram que os indivíduos que mudaram para o aripiprazol apresentaram reduções estatisticamente significantes no peso e na gravidade da síndrome metabólica, mas que um número substancial desses pacientes se desestabilizou e precisaram retornar à suas medicações anteriores ou ser tratados com medicamentos adicionais para a estabilização.

A mensagem deste estudo é que a mudança de um medicamento antipsicótico que causa ganho de peso ou distúrbios metabólicos na glicose e nos lipídios pode aliviar os efeitos adversos, mas existe um risco potencial de não se conseguir manter a estabilidade psiquiátrica ou o nível de remissão que tinha sido anteriormente alcançado. Essa mudança vai funcionar para alguns pacientes, mas não para todos. Para a mudança, é preciso haver razões para a mesma, certificar-se de que justificam o risco e, ao fazê-la, estar preparado para voltar atrás ou tomar medidas adicionais para tratar e estabilizar os pacientes, se o estado mental ou clínico se deteriorar.

Como disse Oscar Wilde, “a verdade raramente é simples e nunca pura” e este é o caso com a mudança de drogas antipsicóticas. É algo que devemos considerar no curso do tratamento clínico dos pacientes, mas não é uma manobra simples ou sem complicações.

Eu sou o Dr. Jeffrey Lieberman, da Universidade de Columbia, falando para o Medscape. Muito obrigado e até breve.


Essock SM, Covell NH, Davis SM, Stroup TS, Rosenheck RA, Lieberman JA. Effectiveness of switching antipsychotic medications. Am J Psychiatry. 2006;163:2090-2095. Essock SM, Schooler NR, Stroup TS, et al. Effectiveness of switching from antipsychotic polypharmacy to monotherapy. Am J Psychiatry. 2011;168:702-708. Stroup TS, McEvoy JP, Ring KD, et al; the Schizophrenia Trials Network. A randomized trial examining the effectiveness of switching from olanzapine, quetiapine, or risperidone to aripiprazole to reduce metabolic risk: comparison of antipsychotics for metabolic problems (CAMP). Am J Psychiatry. 2011 Jul 18.

Professor and Chairman, Department of Psychiatry, Columbia University College of Physicians and Surgeons; Psychiatrist in Chief, New York Presbyterian Hospital, New York, New York

UMA BOA RAZÃO PARA SER LOUCO POR NOZES

Autora: Denise Mann
Publicado em 05/12/2012

Espalhe algumas nozes em sua salada hoje a noite. Seu coração agradece.

Um novo estudo mostra que quando se trata de benefícios cardiovasculares, nozes cozidas e cruas são muito boas.

Pesquisadores da University of Scranton em Scranton, Pa., compararam a quantidade de poderosos antioxidantes chamados polifenóis em nove tipos de nozes cruas e cozidas e em dois tipos de manteiga de amendoim. Eles também testaram como os antioxidantes das castanhas são efetivos para a saúde cardiovascular, através de análises laboratoriais.

Um vencedor emergiu claramente desse grupo de alimentos: as nozes.

Os achados foram publicados no jornal Food & Function.

Sejam cruas ou cozidas, as nozes ganham a competição. As nozes possuem a maior quantidade de polifenóis. Esses compostos parecem reduzir o risco de doença cardiovascular por diminuírem os níveis de colesterol sérico, melhorarem o fluxo sanguíneo, e reduzir a inflamação relacionada à doença cardiovascular. Além disso, as nozes – que são ricas em gordura – não necessariamente se relacionam ao ganho de peso.

As nozes não apenas tem mais polifenóis, como também possuem os polifenóis mais potentes, dizem os pesquisadores.

Nozes cruas e cozidas lideram

Depois das nozes cruas, a quantidade de polifenóis encontrada nas castanhas segue a seguinte ordem descendente:

■Castanha do Pará
■Pistache
■Noz pecan
■Amendoim
■Amêndoa
■Noz de macadâmia
■Castanha de caju
■Avelã
Dentre as nozes cozidas, os vencedores são:

■Castanha do Pará
■Avelã
■Amendoim
■Noz pecan
■Castanha de caju
■Noz de macadâmia
■Amêndoa
■Pistache
A conclusão?

“As castanhas são um lanche ou um tempero nutritivo, fornecendo nutrientes e antioxidantes, que levam a benefícios significativos na saúde,” concluem os autores do estudo.


Vinson J.A., Cai, Y. Food & Function. 2012. In press.

Denise Mann is a freelance medical writer.

Mortes por câncer diminuem, mas a incidência aumenta

Autora: Roxanne Nelson
Publicado em 05/01/2012



A boa notícia é que as taxas de mortalidade por câncer diminuíram tanto para homens quanto para mulheres. A notícia não tão boa é que as taxas de incidência de alguns tipos de câncer parecem estar aumentando.

De acordo com um relatório publicado pela Sociedade Americana do Câncer e publicado online em 04 de janeiro em 2 partes em CA: A Cancer Journal for Clinicians, as taxas de mortalidade específica por câncer de 1999 a 2008 diminuíram tanto em homens quanto em mulheres de todos os grupos raciais/étnicos, com exceção de índios americanos/nativos do Alasca, para os quais as taxas mantiveram-se estáveis.

Uma parte do relatório observa que a redução global nas taxas de mortes por câncer desde 1990 em homens e 1991 em mulheres preveniu cerca de 1.024.400 mortes por câncer.

Digno de nota, a queda mais rápida na taxa de mortalidade anual foi observada entre os negros (2,4%) e hispânicos (2,3%).

As taxas de mortalidade continuam a diminuir para todos os 4 principais tipos de câncer (pulmão, cólon, mama e próstata). O câncer de pulmão isoladamente respondeu por quase 40% do declínio total em homens e o câncer de mama respondeu por 34% do declínio total em mulheres.

Para todos os quatro principais tipos de câncer a incidência diminuiu, com exceção do câncer de mama em mulheres, que se manteve relativamente estável de 2005 a 2008, após recuar 2% por ano de 1999 a 2005.

As taxas de mortalidade refletem mudanças na incidência, assim como os progressos e avanços no tratamento e diagnóstico, explicou Elizabeth Ward, PhD, vice-presidente nacional de pesquisa intramural para a Sociedade Americana do Câncer.

As tendências de incidência são mais difíceis de interpretar, ela disse ao Medscape Medical News. Ela observou, por exemplo, que as taxas de incidência do câncer de mama têm flutuado. O acentuado declínio de quase 7% entre 2002 e 2003 foi atribuído à redução do uso de terapia de reposição hormonal após a publicação dos resultados do estudo Women's Health Initiative em 2002.

Além disso, a introdução de programas de rastreio pode ter levado a um aumento da incidência, disse a Dra. Ward. “As taxas de incidência se elevaram para o câncer de próstata quando o teste de PSA foi introduzido, por exemplo. Mas as taxas de mortalidade estão caindo para todos os quatro tipos principais, mesmo se não se relacionando com as tendências de incidência."

Taxas crescentes para sete cânceres

Infelizmente, as taxas de incidência para outros cânceres têm aumentado. Em outra parte do relatório, os pesquisadores examinaram tendências nas taxas de incidência de 1999 a 2008 para 7 tipos de câncer.

Durante a última década, as taxas de incidência de câncer de pâncreas, fígado, tireoide, rim e do melanoma aumentaram. Além disso, houve um aumento de adenocarcinoma de esôfago e em certos subtipos de câncer orofaríngeo que estão associados à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Diferenças raciais/étnicas foram observadas para alguns, mas não todos os cânceres com taxas de incidência crescente.

Por exemplo, a incidência aumentada de câncer orofaríngeo relacionado ao papilomavírus humano e do melanoma foram observados somente entre os brancos. Taxas aumentadas de adenocarcinoma de esôfago foram observadas entre os brancos e os homens hispânicos. Taxas de hepatocarcinoma aumentaram em homens brancos, negros e hispânicos e em mulheres negras. Por outro lado, as incidências crescentes de câncer de tireoide e rim foram observadas em todos os grupos raciais/étnicas, exceto os homens nativos americanos e nativos do Alasca.

A Sociedade Americana do Câncer descobriu que as pessoas entre 55 e 64 anos de idade tiveram o maior aumento na incidência de câncer hepático e de orofaringe relacionado ao papiloma vírus humano. Indivíduos com 65 anos ou mais tiveram um aumento na taxa de incidência de melanoma. Para homens com carcinoma de orofaringe relacionados ao papilomavírus e as mulheres com câncer de tireoide, as taxas de incidência crescentes foram maiores entre as pessoas entre 55 e 64 anos de idade.

As razões para essas tendências de aumento não estão totalmente claras, disse a Dra. Ward, acrescentando que pode haver uma série de razões subjacentes. A incidência aumentada de carcinoma de orofaringe relacionado com o papilomavírus, por exemplo, pode estar associado a mudanças nos comportamentos sexuais que aumentam o risco de exposição ao HPV.

“O adenocarcinoma de esôfago pode estar relacionado às taxas crescentes de obesidade e a uma prevalência aumentada de doença do refluxo gastroesofágico”, disse ela. “Isto, por sua vez, pode levar a “esôfago de Barrett.”

A maior incidência de câncer de tireoide e de rim é muito menos clara. “Há suspeitas de que parte da razão é um aumento na detecção, à medida que nossa tecnologia melhora”, explicou a Dra. Ward. “Isso pode ser parte da explicação, ou pode ser realmente um aumento real e nós simplesmente ainda não sabemos as causas reais.”

“O câncer de tireoide é realmente um quebra-cabeça”, disse ela. “Está aumentando rapidamente e já estão sendo conduzidas pesquisas para determinar as razões deste aumento. Para outros tipos de câncer, podemos ter um melhor controle sobre as razões pelas quais estão aumentando e há algumas medidas de saúde pública que podem ser tomadas.”

Variações entre grupos étnicos/raciais

Houve um total de 565.469 mortes por câncer registrado nos Estados Unidos em 2008, que é o ano mais recente para os quais dados estão disponíveis. O câncer foi responsável por 23% de todas as mortes registradas nos Estados Unidos, o que o torna a segunda maior causa de morte, atrás das doenças cardiovasculares. De 2007 a 2008, houve um declínio na taxa de mortalidade por câncer padronizada por idade de 1,5%, de 178,4 para 175,8 por 100.000.

Existem variações regionais/geográficas consideráveis na incidência e mortalidade por câncer, observa o relatório. O câncer de pulmão, por exemplo, teve a maior variação nas taxas, refletindo a prevalência do tabagismo. Em Kentucky, que tem a maior prevalência de tabagismo, o câncer de pulmão é quase 4 vezes mais frequente que em Utah, estado com a menor prevalência de tabagismo.

As taxas de incidência e de mortalidade do câncer continuam a mostrar uma variação considerável de acordo com o grupo racial e étnico. Como já foi publicado pelo Medscape Medical News, disparidades raciais e étnicas continuam a existir no tratamento do câncer, mesmo após fatores como seguro e status socioeconômico serem controlados, e um número desproporcional de mortes relacionadas ao câncer ocorre em minorias raciais/étnicas.

O que mais chama atenção é o fato de que para todos os tipos de câncer combinados, homens negros têm uma incidência 15% maior e uma taxa de mortalidade 33% maior do que os homens brancos nos Estados Unidos. Mulheres negras têm uma incidência 6% menor que as mulheres brancas, mas uma taxa de mortalidade 16% maior.

Nos Estados Unidos, as taxas de incidência e morte são consistentemente maiores em negros do que em brancos, com exceção das mulheres com câncer de mama (incidência) e de pulmão (incidência e mortalidade), e de homens e mulheres com carcinoma renal (mortalidade). No entanto, tanto a incidência quanto as taxas de mortalidade são mais baixas em outros grupos étnicos/raciais que em brancos e negros nos Estados Unidos para todos os subtipos de câncer e para os 4 tipos mais comuns.

A exceção é a incidência e mortalidade de cânceres associados a agentes infecciosos, como estômago, fígado e colo do útero, que tendem a serem maiores nos grupos minoritários que em brancos. Como exemplo, as taxas de incidência e de mortalidade são duas vezes maiores em norte-americanos de descendência asiática e insular do Pacífico em relação aos brancos, o que reflete um maior grau de infecção crônica pelo Helicobacter pylori e vírus das hepatites B e C.

Projeções para 2012

Estas estatísticas atuais fornecem uma mensagem um pouco confusa, disse Richard Schilsky, MD, ex-presidente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e atual editor executivo do site da ASCO, CancerProgress.Net. “A grande notícia é que as taxas de mortalidade por câncer continuam a diminuir e têm sido assim por algum tempo”, ele disse ao Medscape Medical News. “Isto é verdadeiro para o câncer em geral, e especialmente para os cânceres mais comuns.”

No entanto, está claro que outros tipos de câncer estão aumentando, disse o Dr. Schilsky, que é professor de medicina, chefe de hematologia/oncologia e vice-diretor do Comprehensive Cancer Center da Universidade de Chicago, Illinois. “Nós também não observamos esses declínios em alguns segmentos da população, especialmente os afro-americanos."

Identificar o aumento da incidência de alguns cânceres pode ser útil. “Pelo menos em alguns casos, pode haver uma explicação subjacente com a qual podemos lidar e esperamos resolver”, disse ele.

O Dr. Schilsky acrescentou que as melhores notícias são que mais de 1 milhão de mortes atribuíveis ao câncer foram evitadas na última década. “Isso é muito encorajador.”

Para 2012, a Sociedade Americana de Câncer estima que haja 1,6 milhões de novos casos de câncer invasivo e 577.190 mortes relacionadas ao câncer, o que corresponde a mais de 1.500 mortes por dia.

Para os homens, os cânceres de próstata, pulmão e brônquios e cólon e reto serão os tipos mais comuns diagnosticados e serão responsáveis por aproximadamente 50% de todos os novos diagnósticos. O câncer de próstata isoladamente será responsável por 29% (241.740) dos casos incidentes.

Para as mulheres, os cânceres de mama, pulmão e brônquios e cólon e reto serão o 3 tipos de câncer mais comumente diagnosticados e também serão responsáveis por aproximadamente metade de todos os novos casos. Espera-se que o câncer de mama isoladamente explique 29% (226.870) de todos os casos diagnosticados.

“A importância das tendências é que elas nos apontam a direção certa”, disse a Dra. Ward. “Se um tipo de câncer está aumentando, é importante saber as causas. Isso vai encorajar mais estudos para investigar esses achados.”


CA Cancer J Clin. Published online January 4, 2012.

Roxanne Nelson is a staff journalist for Medscape Oncology.